O Caminho do Arco e Flecha Japonês

O Fim do Shogunato e a Restauração Meiji

 

Com o prosseguimento da paz na Era Edo, o aperfeiçoamento do arco e flecha continuava, fosse enquanto técnica militar, fosse enquanto “caminho zen”, estabelecendo-se um período de transição. Aos poucos os objetivos reais de guerra foram sendo substituídos, pois entrava-se numa época de ocidentalização e de armas de fogo o arco e flecha caíram em desuso.

No entanto, os treinos de Kyūba continuaram a ser realizados, como parte do treinamento dos graus inferiores dos soldados. Até que no ano 28 da Era Meiji, aconteceu, em Kyoto, o I Encontro Nacional de Artes Marciais do Japão, no qual, naturalmente, também aconteceram competições de Kyūdō, contribuindo para a revitalização dessa arte.

Outro fator importante foi o feito de Honda Toshizane, um instrutor de Kyūdō na Universidade Imperial de Tokyo, que combinou elementos do estilo de guerra e do estilo cerimonial de arco e flecha num novo estilo híbrido, que se tornou conhecido como Honda-ryū (Estilo Honda).

Esse estilo se tornou popular entre o público geral e, para alguns, é o verdadeiro salvador do arco e flecha japonês do esquecimento em que vinha caindo.

Nas Eras Taishō (1912-26) e Shōwa (1926-89), o Kyūdō passou a ser incluído no currículo escolar (a partir do segundo segmento) como disciplina obrigatória ou opcional (nos clubes esportivos); porém o início da II Guerra Mundial, em 1941, fez com que o Ministério japonês da Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia (Monbushō) declarasse as artes marciais como exercício de Educação Física, novamente ligando essas artes diretamente ao combate. Desse modo, com o fim da guerra, as aulas de Kyūdō foram proibidas (novembro de 1945).

Seis anos depois, o Monbushō expediu uma nota suspendendo a proibição e permitindo a prática de Kyūdō, mas apenas em 1967 a Secretaria de Educação Física aprovou uma nota permitindo às direções das escolas do ensino médio adotar aulas de Kyūdō, o que fez com que o Kyūdō ganhasse um novo significado na educação: passou a ser visto como uma disciplina para educação corporal.

Com a ocupação americana no Pós-II Guerra, todas as artes marciais foram proibidas, contribuindo ainda mais para o declínio do Kyūjutsu tradicional. Então, quando a proibição contra artes marciais acabou, o Kyūdō (e não o Kyūjutsu) havia se tornado uma prática comum a todo o Japão.

Em 1953, a Federação Nacional de Kyūdō (ZNKR ou ANKF) foi fundada, publicando um manual com seus padrões e supervisionando o desenvolvimento de Kyūdō tanto no Japão quanto em outros países.

Hoje, já existe uma Federação Européia de Kyūdō, que promove seminários anuais e provas. A partir de 1993, o mesmo passou a acontecer nos EUA, em São José (Califórnia). Atualmente, há mais de 110 mil kyudocas no Japão, 2500 na Europa e 400 na América.

Daí por diante, com os novos métodos de pesquisa das ciências modernas, as novas bases da ideologia por trás das artes marciais passaram a ser atreladas à educação, sendo a manutenção de sua difusão de grande importância.

(Extraído de Kyudo Kai Brasil/RJ com adaptações)

 

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